CIOs ainda tem medo


Apesar do sucesso com desenvolvedores e companhias de celulares, o uso empresarial depende de evoluções e da comprovação da estabilidade

O Android vai muito bem, obrigado. Não bastasse o último estudo da consultoria Strategy que previu que o sistema operacional móvel criado pelo Google deve fechar 2009 com 900% de crescimento em sua base de usuários, outros dois estudos feitos por startups americanas revelam outros bons números.

A Flurry, especializada em métricas do mercado mobile, publicou um relatório no qual aponta que o crescimento de projetos com o Android cresceu 94% entre setembro e outubro. Já a AdMob, uma companhia especializada em publicidade para plataformas móveis, divulgou que o sistema Android respondeu por 17% de todo tráfego de setembro em sua rede. Em agosto, o volume era de 13%. O levantamento foi feito levando-se em conta 12 celulares colocados no mercado por 32 operadoras de 26 países.


Mesmo assim, no mundo corporativo o Android ainda está em compasso de espera. Muitos CIOs esperam uma evolução maior do sistema para suportar a integração com aplicativos empresariais. "O pioneirismo tem um preço muito caro", aponta o CIO da Pif Paf Alimentos, Augusto Carelli. A empresa trabalha com vários aplicativos móveis que servem para gestão de fornecedores, logística e força de vendas. Todos são feitos em Java.

O receio está mais ligado à idade pueril da novidade do Google do que às suas características técnicas. Lançado há apenas um ano, o Android é o mais jovem dos sistemas operacionais que dominam o mercado. Com idade tão tenra, os executivos temem bugs ou dificuldades na implementação de aplicativos que precisam conversar com a infra-estrutura interna das companhias.

"Se a operação da empresa para por algumas horas por causa de problemas na comunicação de um sistema novo o prejuízo é enorme", comenta o gerente-coorporativo de TI das empresas do Grupo Mabel, José Henrique Cordeiro de Oliveira. "Nosso papel é, acima de tudo, evitar este tipo de problema", diz. As unidades da empresa espalhadas pelo Brasil também usam aplicativos móveis há vários anos.

Contudo, o Android está no foco destes executivos, mas não para uso tão rápido. "O papel das empresas não é o de ser pioneiro no uso do Android, o melhor é esperar o amadurecimento da oferta de soluções e mão-de-obra", diz o diretor de tecnologia da Rede Globo, outro que domina bem as tecnologias móveis, Carlos Octavio Queiroz. "Estamos estudando o Android e sei que outros executivos também, mas as novidades devem surgir quando o sistema apresentar uma integração clara com o mundo corporativo", explica.


De acordo com previsões do Gartner, o Android será o segundo sistema operacional de aparelhos celulares já em 2012, crescendo 12,9% na comparação com outubro de 2009. O líder do mercado continuará sendo o Symbian. Porém, a queda de participação desse SO será de mais de 10% nesse período.

Por enquanto, o Android tem sido oferecido para usuários domésticos e traz aplicativos embarcados que facilitam o uso de redes sociais e acesso à serviços da Internet. A entrada no mundo corporativo é esperada nas próximas atualizações da plataforma.

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